quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Ser professor

O facto de ser professor, não sublima o egoísmo inato, inerente à natureza de um ser e é ele que implica tanto amor ao transmitir saberes, valores, ele coloca todo o seu afinco para se ver projectado nos seus alunos, logo todo este comportamento tem uma ética deontológica.
Sendo a deontologia o conjunto normativo de imposições que deve orientar, seja qual for a profissão numa igualdade de tratamento a todos que recorram à sua prestação o mais possível dirigida ao bem estar.
Jereny Benyltan considera a deontologia como uma ciência do “conveniente” porque se destina a que o maior número de pessoas alcancem o “prazer sem qualquer dor”, para que assim fosse o exercício de uma actividade profissional não estaria sujeita a uma ética.
A deontologia profissional, no âmbito educativo está presente nas obrigações e responsabilidades que a sociedade dá a cada educador e que por sua vez o educador impõe a si próprio os quais derivam do poder e dos limites da educação, implícitos na legislação. Eles são responsáveis pela formação de gerações que procuram na educação valores morais e teoria do conhecimento para além dos conteúdos de aprendizagem das actividades educativas.
Eric Ashby defende “um juramento para a profissão docente, semelhante ao juramento de Hipócrates” que vise a deontologia do professor relacionada consigo próprio, com os colegas, com os alunos e com o contexto social.
O Estatuto da Carreira dos Profissionais de Educação em Portugal, estabelece os direitos e os deveres dos professores em vários pontos.
Mas não pode existir unicamente uma deontologia para o professor este processo requer a deontologia dos pais e de outros agentes educativos que numa interacção permitam uma mais valia dos seus saberes e hoje em dia há uma inexistência [os pais têm o dia ocupado com a sua actividade profissional ], para com os educandos. Para estes pais a escola assume todo o papel educativo e também para uma melhoria curricular dos seus filhos, por sua vez estes desfrutam actualmente do ensino/aprendizagem mais liberal o que os leva a confundir liberdade com libertinagem, que tentam impor junto aos educadores e outros agentes educativos.
Como a educação não é só limitada ao espaço escola, ela é sujeita a hierarquias que visam uma educação de qualidade, logo surge uma deontologia dos administradores e dos políticos


da educação. A finalidade destes está direccionada para a adequação dos sistemas educativos e sociedade [exige dignificação do sistema educativo].
A comunicação social passou também a ter um papel educativo levando os educandos a adquirir saberes, valores culturais, assim a escola deixou de ser unicamente o espaço educativo, mas aqui também tem que existir uma deontologia educacional, na linguagem adequada á faixa etária a quem se dirige a informação para que esta seja pedagogicamente de informar e não de deformar.
Agentes culturais a deontologia que se aplica é o dever que estes têm no processo educativo, quando transmitem qualquer saber, este tem que estar bem fundamentado e assim levar a cultura ao educando.
Na sociedade contemporânea generalizou – se o ensino a todos o que torna o trabalho do professor mais complexo e diferenciado assim como o seu desempenho. Logo esta profissão adquiriu um estatuto que implica direitos e deveres.
Ser professor tem como objectivo a “formação humana” o que leva a ter presente a ética que conduz esta profissão que se vai reflectir na relação pedagógica com todos os intervenientes que fazem parte da comunidade escolar e sociedade.
A ética da profissão docente depende do comportamento do docente e dos valores que este considera importantes no seu desempenho.
Contudo a “experiência ética” dos professores deverá ter um código, para que se torne “objecto de reflexão e de debate”.
Este será um código deontológico, dirigido unicamente a profissionais de educação e que como outros não seja dependente do poder político e administrativo.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

As Bibliotecas

A sociedade da informação é uma realidade que está aí, é uma evidência a que ninguém pode escapar, pelo que faz todo o sentido alargar as redes de comunicação e informação a todas as localidades, urbanas e rurais.
Nesta sociedade em que vivemos, é indispensável estar-se informado, actualizado, sob pena de se ser considerado pouco literado.
As Bibliotecas Públicas têm um importante contributo a dar aos processos de desenvolvimento global, integrado e qualitativo das diversas comunidades. Estas caracterizam-se por ser um espaço social e um recurso de grande importância que tem como objectivo dar resposta às necessidades dos cidadãos em matéria de informação, educação, cultura de natureza formativa, informativa e lazer. Promovem a auto-formação e a aprendizagem ao longo da vida.
As bibliotecas inserem-se nas redes de parceria. As redes de parceria emergem assim como um conceito chave para pensar e agir a acção educativa a nível local, combinando-a com estratégias de desenvolvimento.
A Biblioteca Pública por pensar que é urgente proporcionar a todos o acesso à informação e dotar as pessoas de novas competências independentemente da sua condição social, económica, da faixa etéria, da condição fisíca, nacionalidade, ética e religiosa, utiliza estratégias criando serviços destinados a indivíduos a quem é impossível frequentar a biblioteca como reclusos, hospitalizado e deficientes a lidarem com as suas situações especificas, indivíduos do meio rural, manter os imigrantes em permanente contacto com o seu país e no combate à solidãos. Esta prestação é feita através de Bibliotecas Itinerantes apetrechadas com documentação e com suporte tecnologico moderno,”possibilitando o acesso ao catálogo colectivo de rede concelhia e o acesso à internet”(2009,Doc.01, p.15) e para outros através da Internet, com a colocação de e-books no blogue ou enviados por mail, quando os utentes têm acesso a esta a partir dos espaços onde se encontam. Ainda com carácter temporário poderão ser disponibilizados pela rede concelhia, recursos tecnológicos e de leitura em espaços


públicos como praias, jardins, transportes públicos, entre outros. Esta possibilidade das Biblioteca Pública de criarem “ambientes digitais alfabetizadores, promotores da literacia e apartir dos quais , dentro e fora das suas paredes físicas, efectivamente começar a acompanhar aqueles que mais necessitam dos seus serviços e da sua mediação no acesso, uso e processamento de informação.”(Calixto, José; p.40) Todos estes materiais deverão ser adequados ao público alvo. A Unesco considera a Biblioteca Pública como uma “ força viva para a educação, cultura e informação, e como agente essencial para a promoção da paz e do bem-estar espiritual nas mentes dos homens e mulheres.”
Item 2
“ Entre as linhas orientadoras de bibliotecas para jovens consta a possível inclusão de consolas e jogos electrónicos”.
Ao longo dos tempos temos observado uma renovação e estruturação das bibliotecas, no sentido de se actualizarem e adaptarem ao tempo que vivemos, uma sociedade com exigências, com sede de informação. O rápido avanço das tecnologias veio impor uma remodelação destes espaços, não só no aspecto de recursos como também na criação de vários espaços dentro do mesmo espaço. Um espaço só dedicado às tecnologias da comunicação, com a intenção de cativar os jovens para a promoção de actividades lúdicas e ao mesmo tempo um apelo à sua aproximação.
Os vídeosjogos são de facto os mais procurados pelos jovens na ida à biblioteca, como tal estes são escolhidos cretiriosamente, atendendo à qualidade do software, já que são determinantes no desenvolvimento de aprendizagens adequadas.” É necessário envolver os jovens no planeamento dos serviços e programas.” (Linhas orientadoras dos Serviços de Bibliotecas para Jovens, p.3)
Actualmente os jogos digitais são portadores de uma linguagem informática que promove desenvolver as capacidades individuais, de parceria numa aprendizagem



colaborativa, criando oportunidades de tutoria entre pares, os intercâmbios entre eles são ricos em expressividade, emotividade, criatividade e autonomia que por sua vez proporcionam um aumento de confiança à medida que atingem soluções para a resolução do jogo em termos de sucesso.
A presença e orientação de um bibliotecário,” com formação e disponibilidade para dar resposta às necessidades específicas dos jovens”, neste espaço é fundamental no sentido de desenvolver nos jovens, um senso crítico que vá minimizar a má utilização das tecnologias. Ensinar os jovens a pôr as TIC ao serviço do seu desenvolvimento é uma mais valia. Os valores éticos, sociabilidade e a diversidade de culturas também são adquiridas através desta ferramenta a utilização adequada permite uma visão mais abrangente, enriquecedora, diferenciada.
Ler a partir de suportes digitais é para os jovens mais aliciante.
Os jovens que começam a frequentar a biblioteca com assiduidade em busca das consolas e jogos electrónicos, acabam mais cedo ou mais tarde, por começar a frequentar outros espaços de consulta e leitura, dentro do mesmo espaço.

ERA UMA VEZ...

Criança SEC,XX-CRIANÇA SEC.XXI

O século XX demarca-se pela preocupação em relação à criança como ser humano com direitos próprios.
Após as atrocidades da Segunda Guerra Mundial, surge uma consciência de valores em que seria necessário uma adopção de normas universais que protegessem as crianças.
“ As declarações dos direitos das crianças surgem no Século XX e têm como propositoras a Sociedade das Nações (SDN) que vigorou entre a I e a II Guerra Mundial e a Organização das Nações Unidas (ONU) criada na sequência deste último conflito” (Formosinho, p.27).
O mundo evoluiu e com ele os vários campos da ciência, colocando a criança numa posição de “alvo” de estudos por parte de Governos e Organizações não governamentais” Save the Children Fund; Union Internacional de Secous aux Enfants (UISE), criado em Genebra pela mesma com o apoio do Presidente do Comité Internacional da Cruz Vermelha, Gustavo Ader; UIPE, criada em Bruxelas com o apoio do Papa BentoXV. Também a Organização Nacional do Trabalho.” (Formosinho, p.28) que tiveram uma função determinante na enunciação dos direitos da criança.
É precisamente no auge desta transformação de comportamentos e pensamentos, que no ano de 1946, nasce Diogo, filho único de pais jovens e de agricultores abastados da região do interior algarvio, Serra do Caldeirão mais precisamente numa Aldeia. O patriarca desta família era seu avô materno, homem que tinha vivências da Segunda Guerra Mundial, letrado e com influência na sua terra. Tornou-se para seu neto um modelo de valores morais e éticos.
Nesta altura o Estado já se tinha incumbido de criar Instituições Escolares, abertas a todas as crianças, independentemente da sua origem económica, social, religiosa e étnica, uniformizando e homogeneizando o seu “público” Foi nesta escola que Diogo iniciou as suas aprendizagens e concluiu a quarta classe. Fez aprendizagens de vida como reconhecer embora de forma pouco consciente que alguns dos seus colegas não compareciam à escola para ficarem a ajudar os seus pais na agro-pecuária, outros porque eram nómadas e colaboravam com seus progenitores em alturas de feiras e mercados. Estas crianças ficaram muitas delas analfabetas ou apenas com conhecimentos mínimos de literacia da escrita e da leitura para poderem governar a vida.
Diogo brincava na rua com as outras crianças para ocupar o seu tempo livre de lazer e ócio; jogando ao berlinde; ao pião e com o arco; aproveitavam os recursos naturais: exploravam minas com curiosidade de ver como era, andavam de bicicleta; de burro por montes e vales e pela Aldeia.
A criança, embora fosse “criança”, nesta época tinha noção dos seus deveres, sabendo comportar-se em diversos e distintos contextos educacionais e de valores.
Aos dez anos passou a ser educado no Colégio Manuel Bernardes, em Lisboa até ingressar na Faculdade de Medicina , ainda criança (17 anos).
Esta família fez parte da “geração silenciosa”, que viveu com uma disciplina rigorosa, educando os seus descendentes para que fossem obedientes, incapazes de questionar decisões. Aprenderam a poupar, com base nos seus rendimentos e trabalho.
Neste Século “tornaram-se relevantes as declarações dos direitos da criança iniciadas pela Sociedade das Nações (1924) e continuando com a ONU (1959,1989).” (Formosinho, p.27).
A 1ª Declaração Universal dos Direitos da Criança da ONU, aprovada na Assembleia-Geral de 20 de Novembro de 1959, é uma declaração maior que a 1ª mas constituída apenas por dez princípios não vinculativos.
No âmbito da ONU, foi criada a UNICEF (United Nations Internacional Children´s Emergency Fund) como secção da UNESCO.
A situação da infância em Portugal e no Mundo foi melhorando expressivamente ao longo do Século XX, chamado por alguns “século das crianças”.
O marco na afirmação dos direitos da criança é a Constituição de 1989 e a Carta Europeia, em que Estados se tornam responsáveis pelo seu cumprimento. A União Europeia preocupou-se em criar legislação para complementar as já existentes na Constituição. Portugal, como país empenhado no bem-estar social dos seus cidadãos, criou normas internas que complementassem e concretizassem as advertências internacionais.
A queda das fronteiras entre os países da Comunidade Europeia, a proximidade entre nações e a grande mobilidade das populações faz com que, indirectamente, surjam novos comportamentos. É esta a realidade do Século XXI.
Carolina tem oito anos e é a mais velha de três irmãos. A Carolina é uma rapariga que sabe contar histórias de humor como ninguém. Consegue pôr qualquer pessoa a rir, mesmo os professores, porque tem uma pronúncia engraçada. Mas nem todos os colegas gostam dela. Veste-se de forma diferente e não se mistura muito, parece que prefere afastar-se. Os pais de Carolina separaram-se há uns tempos, não sei exactamente quando. O que sei é que Carolina falta às aulas e já apanhou algumas faltas por não ter consigo o material escolar. Carolina justifica-se que deixou em casa da mãe ou do pai. O seu ar não é convincente, mas ninguém a conhece bem porque não procura os colegas para conviver e também porque parece não falar a sério.
Um dia casualmente sentei-me a almoçar à sua frente no refeitório. Conversamos um pouco… Carolina, contou-me as suas vivências familiares.
Se nos dermos ao trabalho de observar, descobrimos muitas crianças diferentes umas das outras. Não é só o caso da Carolina. Uns são raparigas outros são rapazes; uns vivem com ambos os pais; outros apenas com o pai ou com a mãe; uns têm muitos jogos electrónicos, outros menos; uns praticam uma modalidade de desporto, outros praticam outras; uns falam o português, outros falam diversificadas línguas e possuem nacionalidades diferentes, existindo também uma diversidade cultural com padrões de cultura.
Poderíamos questionar: que têm todas estes seres em comum? São crianças com os mesmos direitos universais. Uma criança é um ser dotado de consciência, de razão, de dignidade, um ser para quem a liberdade é construtiva, desde que orientada com valores morais e éticos pelos seus pais, ou seus representantes legais ou na falta destes pelo próprio Estado .
A evolução extremamente rápida a que assistimos, resultante da acção das novas tecnologias de informação e comunicação e a globalização dos mercados económicos, leva a que a sociedade portuguesa crie mecanismos de adaptação de modo a não passar ao lado destas transformações.
O défice de escolarização em Portugal é baixo. “ Privar os indivíduos nomeadamente as crianças, do exercício do direito à educação é privá-los do exercício de uma cidadania plena e de uma capacidade de reivindicações e usufruto da totalidade dos direitos e liberdades que lhe estão consagrados.” (Formosinho, p.89).

As Lengalengas

As crianças utilizam naturalmente as lengalengas que se caracterizam por ser um texto, construído a partir de frases curtas, que de uma forma geral rimam, e que ajuda a memorizá-lo. Há uma repetição de sons, de palavras ou expressões e de rimas, numa cadência. Elas criam um envolvimento com a criança, o que permite de uma forma lúdica e espontânea a exploração da linguagem oral. Este carácter lúdico responde a necessidades primordiais do ser humano, de se exteriorizar no contexto de comunicar. Estas crianças utilizam simultaneamente uma linguagem verbal e gestual com falha na aquisição de técnicas que permitam resolver as dificuldades da colocação da voz e dicção. As consoantes devem ser pronunciadas assim como as sílabas articuladas para que sejam audíveis, e a letra da lengalenga entendida, o que não acontece, só entendemos porque conhecemos a língua. Não existe uma coordenação motora entre movimento e voz.
Todo este manancial do Património linguístico, transmitido de geração em geração, fazendo parte do currículo de língua portuguesa acaba por ser uma matéria-prima no desenvolvimento da voz, da dicção e do desenvolvimento da capacidade expressiva com musicalidade e impacto.
Praticar a leitura em voz alta poderá ser uma estratégia pertinente para o desenvolvimento e ampliação das qualidades vocálicas, da dicção, da articulação dos sons emitidos. A mensagem oral deverá ser portadora de clareza para que o ouvinte a recepcione bem.” Poderíamos quase dizer que a leitura em voz alta foi uma verdadeira decifração. Como se fosse necessário ouvir as articulações de um texto para captar as unidades semânticas, os processos e os utensílios funcionais dos textos. Em segundo lugar, podemos dizer que na Grécia antiga, a leitura em voz alta é uma espécie de instrumento, ou melhor, «de instrumentação verbal» destinada a ouvintes. (George Jean, 1999, p. 37).

ERA UMA VEZ...

Era uma vez...é uma história feita por meninos do Jardim Escola João de Deus e foi-lhe dada voz por nós numa TERTÚLIA ONLINE, na Unidade de Voz e Dicção.Ora "ouvejam".

Link do youtube: http://www.youtube.com/watch?v=Q-2uA6ryefM

terça-feira, 12 de maio de 2009