As crianças utilizam naturalmente as lengalengas que se caracterizam por ser um texto, construído a partir de frases curtas, que de uma forma geral rimam, e que ajuda a memorizá-lo. Há uma repetição de sons, de palavras ou expressões e de rimas, numa cadência. Elas criam um envolvimento com a criança, o que permite de uma forma lúdica e espontânea a exploração da linguagem oral. Este carácter lúdico responde a necessidades primordiais do ser humano, de se exteriorizar no contexto de comunicar. Estas crianças utilizam simultaneamente uma linguagem verbal e gestual com falha na aquisição de técnicas que permitam resolver as dificuldades da colocação da voz e dicção. As consoantes devem ser pronunciadas assim como as sílabas articuladas para que sejam audíveis, e a letra da lengalenga entendida, o que não acontece, só entendemos porque conhecemos a língua. Não existe uma coordenação motora entre movimento e voz.
Todo este manancial do Património linguístico, transmitido de geração em geração, fazendo parte do currículo de língua portuguesa acaba por ser uma matéria-prima no desenvolvimento da voz, da dicção e do desenvolvimento da capacidade expressiva com musicalidade e impacto.
Praticar a leitura em voz alta poderá ser uma estratégia pertinente para o desenvolvimento e ampliação das qualidades vocálicas, da dicção, da articulação dos sons emitidos. A mensagem oral deverá ser portadora de clareza para que o ouvinte a recepcione bem.” Poderíamos quase dizer que a leitura em voz alta foi uma verdadeira decifração. Como se fosse necessário ouvir as articulações de um texto para captar as unidades semânticas, os processos e os utensílios funcionais dos textos. Em segundo lugar, podemos dizer que na Grécia antiga, a leitura em voz alta é uma espécie de instrumento, ou melhor, «de instrumentação verbal» destinada a ouvintes. (George Jean, 1999, p. 37).
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